segunda-feira, 28 de maio de 2012

Manuel de Oliveira - As Pinturas do Meu Irmão Júlio - 1965

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Enviado por  em 29/05/2011
Curta metragem de Manoel de Oliveira baseada num texto de José Régio.


"Sinopse: A nostalgia de um poeta - José Régio - ausente da terra natal, anima as imagens duma memória: as pinturas do seu irmão - Júlio dos Reis Pereira, também poeta Saul Dias - albergadas na velha casa onde nasceram. Assim desfilam em longa panorâmica, como na imaginação.



Observações: Textos e poemas da autoria de José Régio. Nunca teve estreia comercial.



"... nessa altura, pensei fazer um longuíssimo filme, repartido em pequenas secções, mas que podia ser visto todo inteiro. Era um filme com muitas horas, e a que eu chamaria "O Palco de Um Povo", onde seriam incluídos autos, passagens de romances portugueses, documentários sobre artistas, trechos literários dos escritores, etc,etc. Tudo isto se inseria num vasto programa.

Eu queria fazer muitos filmes ao mesmo tempo, mas depois verifiquei que isso era impossível. (...) foi para esse grande projecto que eu filmei As Pinturas do Meu Irmão Júlio como o Acto da Primavera fariam parte desse grande documentário...Como O Pão." Manoel de Oliveira



"Filme em torno de um universo pictural (do pintor Júlio, irmão de José Régio), este é o trabalho mais insólito de Manoel de Oliveira.

Jamais mostrando um quadro na sua globalidade, Oliveira faz a sua câmara mover-se no interior dos vários quadros, faz mover estes, faz-nos participantes de uml labirinto sem saída, labirinto que desemboca num nome (Júlio) e numa data (1928-1932), as chaves opacas de uma realidade.

Subterrâneo ou mágica caverna escura da transfiguração, "As Pinturas do Meu Irmão Júlio" possui uma vertigem de difícil definição, cria uma angústia cerrada (até porque, ao contrário de um quadro, este filme não tem a serena ou violenta delimitação de uma moldura -- e o rectângulo do écran não produz a mesma sensação psicológica, sobretudo se o que nele é projectado tem uma dinâmica de câmara e de montagem ininterrupta).

A adensar a angústia (a vontade de ver, de prender e de compreender do espectador) está a música de Carlos Paredes, improviso em guitarra portuguesa também ele interminável, impossível de agarrar, também ele veículo de um percurso às cegas (mas fascinante como um canto maldito) pelo mundo das sombras.

Trabalho pouco visto, "As Pinturas do Meu Irmão Júlio" é um daqueles filmes sem paralelo nem similitudes (próximo curiosamente de um underground experimental), um efémero cometa no vazio de um cinema português pouco dado a arrojos."

Jorge Leitão de Ramos, in Dicionário do Cinema Português 1962-1988, ed. Caminho, 1989 "



in amordeperdicao.pt



Título original: As Pinturas do Meu Irmão Júlio
Origem: Portugal
Duração: 16 min.
Realização: Manoel de Oliveira
Dir. Fotografia: Manoel de Oliveira
Dir. Som: Abreu e Oliveira
Música: Carlos Paredes
Produtor: Manoel de Oliveira
Exteriores: Vila do Conde
Lab. Imagem: Color Film Services
negativo:16 mm



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